Podemos mudar o Mundo?

Um ano mais e a desgraça repete-se... Portugal está a arder. Recebi, ontem, por email, de um amigo que trabalha num observatório, uma foto de Portugal vista do espaço e é aterrador ver o centro de Portugal completamente a arder. 

Por isso, dediquei um pouco desta manhã a reflectir nesta tragédia que tem devastado, em primeiro lugar, famílias e, em segundo lugar, o nosso País que, de acordo com o Presidente da República, vive 3 dias de luto nacional.

O mundo em que vivemos, marcado pelo relativismo e indiferença, está a pagar altas consequências, devido à falta de cuidados e, sobretudo, devido às alterações climáticas que estão a destruir o planeta, numa morte cancerosa, lenta e dolorosa. 

Em parte, como sabemos, a culpa é nossa! Somos comodistas e descuidados no que toca ao cuidado do mundo, desta casa comum, tal como apelida o Papa Francisco. Não nos importa se os pólos estão em degelo ou se a água está a desaparecer do planeta. Importa-nos, isso sim, se temos ar condicionado, se temos um telemóvel topo de gama, se temos água corrente ao abrir uma torneira. O sofrimento dos outros, portanto, não nos diz respeito. Somos meros espectadores de um mundo que morre. Isto é um problema...

O Cristianismo mostra-nos que a história é algo que nos diz respeito. Por exemplo, o acontecimento Jesus não é algo do passado, não é uma história bonita que não nos toca, mas é presente, é a vida de hoje, é encarnação. Não somos espectadores, somos parte de uma história...

O mundo está a morrer. E nós vemos, dizemos «coitados», mas passamos à frente e afirmamos: «O mundo vai acabar, mas eu já não verei!». Ora, isto é a indiferença! O mundo, para muitos, é como ver televisão: vemos o que está a dar, vemos as noticias trágicas que acontecem, mas carregamos no comando e seguimos para outro canal, onde nos entretém as comédias, os filmes e o desporto. Que triste...

Desde Sábado que, em Pedrogão Grande e nas freguesias vizinhas lavra um incêndio desastroso que ceifou a vida de famílias inteiras, de vilas e lugares, de bombeiros, etc... Trovoada seca? Alterações climáticas? Descuido? Mão humana? Não se sabe... ou melhor, nunca se sabe! Porém, a lei é sempre contornada, é sempre desobedecida e vemos tanta pouca preocupação na prevenção.

Há uns anos (2009), quando houve dezenas de incêndios no país, vimos uma lei a ser aprovada: «Os proprietários de terrenos florestais, devem fazem limpeza», «Multa para proprietários que não limpem os seus terrenos», etc... Ora, a lei é sempre desrespeitada... 

Bombeiros descansam, em turnos.
A nossa preocupação com outras coisas, levam-nos, depois, a lamentar as mortes e as perdas humanas e materiais. Como diz o povo: «Desculpas não se pedem, evitam-se!». Exactamente, evitemos as lamentações, punhamos mãos à obra para não ter que lamentar e chorar. Que as forças de segurança apliquem as leis, tal como deve ser, que vigiem sobre estes que têm o dever de fazer o seu trabalho... assim não teríamos de lamentar a morte de 62 pessoas, de 57 feridos graves, de casas perdidas, etc. A história dos outros é a nossa história, não podemos contorná-la e fazermo-nos «Zés de Sousa» perante tanta vida perdida e tanta terra devastada.

Um dia, na catequese, eu perguntei aos miúdos: «Podemos mudar o Mundo?». Eles responderam: «Não! Sozinhos não podemos!». E respondi: «Podemos sim, pois se cada um fizer a sua obrigação, se cada um cuidar do mundo, os pequenos esforços tornar-se-ão grandes». Unamos esforços para que tragédias como estas não aconteçam.

E o que nos resta agora? Lamentar e rezar...

O Papa Francisco, ontem, durante a oração do Ângelus, no Vaticano, recordou o nosso país e pediu que rezássemos... faça-mo-lo! (Aqui fica o vídeo!)

Toda a ajuda conta, toda a ajuda é bem-vinda e à inúmeras formas de cooperar com aqueles que lutam contra as chamas. É nosso dever, como cristãos, ajudar os que sofrem. Eu já dei o meu contributo - material e espiritual - e cada um pode e deve fazê-lo. 

Que sejamos, não apenas solidários, mas compassivos e próximos a este sofrimento...e, claro está, agradeçamos os esforços dos Bombeiros que, em terreno, continuam a lutar.

Paz às almas destes irmãos nossos e força para aqueles que ainda lutam...

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