É Natal?

Faz hoje um ano que publiquei aqui no blog um texto intitulado «Já (nem) lembra o Natal», no qual dava conta que a quadra natalícia já não é o que era. 

Hoje, passado um ano, a história repete-se: 17 graus, sem luzes de Natal, sem manifestações do mesmo, sem nada que o faça lembrar. 

A semana passada fui a um concerto à Gulbenkian sobre as Oratórias de Natal de Bach e, pelo caminho, vi as luzes de Natal do El Corte Inglés e aí fez-me lembrar o Natal e ainda não tive ocasião de passar pela baixa para ver como estão as iluminações. De facto, os tempos mudam... 

Ontem à noite fui dar uma caminhada e em todo o percurso que fiz só vi luzes de Natal num sítio: a sede da Junta de Freguesia. Tudo o resto tão apagado, tão triste, tão vazio.

É triste que esta quadra natalícia se tenha feito desaparecer e quase que não se dá pela sua presença. Mas porquê? É uma pergunta que me faço constantemente... e para a qual não encontro grandes respostas.

Lembremo-nos que é Natal, façamos para que o Natal aconteça e se sinta.

Por isso, aqui fica um poema de Natal, de Bocage:

Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Pax Christi!


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